terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lula quer fundar novo partido

Lula quer fundar um novo partido. É o que afirmam alguns de seus amigos mais íntimos. Por conta de sua aproximação com parte da elite econômica brasileira, sobretudo a nordestina, em oito anos de governo, o ex-presidente sentiu a necessidade de criar um partido que corresponda ao seu lado “direitista”.


Desde os tempos em que foi dirigente sindical, Lula flerta com a direita. Segundo alguns colégas de então, Lula era conhecido nos redutos mais à esquerda como o “grão-pelego-mestre”. Até chegar ao poder, bem como a cúpula do PT, Luiz Inácio ostentava um discurso social-democrata, colocando-se como o candidato das massas, o candidato do povo contra a exploração do mesmo, o candidato do empregado contra o patrão, o candidato do da seriedade contra a corrupção. Todavia, ao eleger-se presidente, mostrou-se deveras complacente com os inimigos de seus amigos. Fez alianças com partidos de extrema direita, como o PR, e com partidos de centro-direita, como o PMDB. Só pode governar com o apoio do setor ideológicamente mais atrasado do país. Por vezes, pagou membros desses setores, para que votassem em seus projétos, como foi o caso do “mensalão”. No final das contas, o resultado do namoro entre Lula e a direita, gerou um governo mais benéfico aos ricos do que aos pobres. Alguns de seus projétos “socialistas” não passam de incentivos à modernização do capitalismo. Como diria o próprio ex-presidente, nunca antes na história deste país a renda do capital, em todos os setores da economia, foi tão alta. Nunca houve tanto lucro de empresas e bancos. Porém, Lula e seu atual partido insistem em afirmar que o governo lidarado por eles foi realmente para os trabalhadores.
A necessidade de se criar um novo partido consiste em dividir as áreas de influencia do ex-presidente. “Há no PT correntes que ainda cobram o desvencilhamento com a direita. O presidente não quer mais ter problemas com essas correntes”, afirma X (que não quis se identificar). E para além da pressão interna do PT, Lula pretende diminuir a influência do PMDB. Criando um partido de Direita forte, onde possa influenciar como uma verdadeira liderança, Lula pode agregar forças reacinárias em torno de si, não necessitando mais de um apoio pmdebista tão fundamental hoje. Ao fazê-lo, Lula segue mais uma vez os passos de Getúlio Vargas, que criou dois partidos, o PTB e o PSD.
O PT lembra muito o PTB. Um partido de massas, que proferia um discurso social-democrata, mas no fundo era bastante conciliador. O PSD era o partido das elites que apoiavam Vargas. Ambos os partidos foram criados pelo mesmo homem, que se manteve formalmente à frente do PTB apenas. Tudo leva a crer que Lula ficará no PT, influenciado de perto o seu novo partido.

Chico Doce